sábado, 27 de junho de 2009

Farinhas do tipo 405, 550, 1050, 1700 e outras


Há pouco tempo atrás um leitor pediu-me para ajudar a descodificar esta numeração de tipos de farinhas, que não usamos em Portugal mas que surge em receitas de outros países, onde esta numeração é usada.
E descobri, finalmente, a que equivale cada um destes números em relação às nossas farinhas.

O número que surge para classificar cada tipo de farinha é uma medida sobre a fibra que contem e sobre o tipo de extracção realizado.

Uma farinha 405 é uma farinha branca de trigo corrente.
Uma farinha 550 é uma farinha branca de trigo com cor creme (já com mais fibra - mais adequada a fazer pão)
Uma farinha 1050 é uma farinha integral de trigo com 90% de extracção.
Uma farinha 1700 é uma farinha integral de trigo completa (em que grão de trigo foi todo moído e se converteu em farinha)

O jornal DN tem um artigo de 2006 que explica os diferentes tipos de farinhas, incluindo a 0 e a 00, que também já vi aparecer em receitas. Aqui transcrevo o artigo na sua íntegra :


Quando se compra farinha a primeira decisão é "com ou sem fermento?"Sobre fermentos já falámos há tempos. Hoje apenas trataremos de farinhas sem fermento. Já reparou nas indicações "Tipo 55" ou "Tipo 65"' que surgem nos pacotes? Sabe o que isso significa? Em conversas recentes apercebemo-nos de que nem toda a gente o sabe. Vamos então tratar disso.

Um grão de trigo é uma estrutura complexa constituída por diferentes camadas. Do ponto de vista genético existem duas espécies de trigos: o trigo mole (Triticum aestivum), adequado à padaria, pastelaria e ao fabrico de bolachas, cujo produto da moenda é a farinha; e o trigo duro (Triticum durum), usado no fabrico de massas alimentícias, cujo produto de moenda é a sêmola

Quando chega à moagem, o trigo mole é sujeito a várias operações de limpeza e, por questão de conservação, é-lhe retirado o gérmen. Só depois se inicia o complexo processo de triturações e peneirações sucessivas, dos quais resultam vários tipos de farinha.

Uma farinha pode conter todas as partes do grão - farinha integral - ou apenas a parte central - endosperma - e é muito branca. E entre estas duas situações há todas as intermédias.

Se levarmos uma farinha extremamente branca a um forno a 550º C, o resíduo da queima - a cinza - será mínimo. Já uma farinha integral deixará um resíduo de cinza muito maior, uma vez que contém uma grande quantidade de sais minerais, que não ardem. É a percentagem de cinzas que define o tipo comercial de farinha.

Assim, as farinhas 45 e 55 são as mais brancas; contêm um pouco mais de amido e de glúten e menos fibra e vitaminas e dão origem a um pão de miolo muito branco. Uma farinha 110 dará origem a um pão mais escuro, uma vez que tem mais casca, mas, também, mais dietético.

As farinhas que mais se comercializam no nosso País são a 55 e 65. A farinha 45, por exemplo, tem que ser encomendada a uma moagem.

Já em Itália a designação comercial das farinhas é diferente, o que por vezes causa dúvidas. Uma farinha 00 terá um máximo de 0,50% de cinza e uma do tipo 0 pode ter uma cinza máxima de 0,65%.

Qual o tipo de farinha mais adequado para fazer pão?

Isso tem pouco a ver com a percentagem de cinzas. Dentre os trigos moles há uns mais adequados ao fabrico de pão (chamados hard e que têm maior quantidade de proteínas que vão formar o glúten), e outros (mais "fracos" - soft) com menos glúten e, por isso, mais aconselháveis a certa pastelaria. O tipo de farinha, definido com base nas cinzas, apenas garante a obtenção de pão de miolo mais branco ou mais escuro. É por isso que nos EUA a designação comercial das farinhas indica o teor de proteína e a sua aconselhável utilização: múltiplos fins, pastelaria, bolos, bolachas, pão, integral... Não há dúvidas de que isso facilita a escolha.

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